Este é o primeiro relato de uma série que pretende contar os passos de uma jornada que se inicia no coração vivo do capitalismo nacional, São Paulo, e se embrenha na floresta tropical, em uma das regiões mais preciosas de toda a Amazônia brasileira, para fazer frente a uma das maiores insanidades já vista pelos povos da floresta. A mais grave ameaça ao rio Xingu.
Os primeiros quatro personagens desta história embarcam em São Paulo rumo à capital do estado do Pará. A maneira mais rápida e barata encontrada para chegar em Altamira tem como escala Belém, a “metrópole da Amazônia”. Com aproximadamente 1,5 milhões habitantes e 400 anos de história, a cidade tem a maior densidade demográfica de toda a região norte do país e o 5º metro quadrado mais caro do País. Às portas da maior e mais biodiversa floresta do mundo, a metrópole revela a mesma pobreza e exclusão de todas suas congêneres no restante do país.
A viagem é longa e inclui algumas conexões em outras capitais. A distância que nos separa desta região do país é tão grande quanto a incompreensão que temos de sua realidade e complexidade social. Como paulsitas/sulistas, não sabemos nada da Amazônia, mas achamos que sabemos.
Fomos recebidos pelos membros do Ocupa Belém e do Coletivo Casa Preta, movimentações sociais paraenses envolvidas nas questões do rio Xingu e das comunidades quilombolas e periféricas. Visitamos a maior feira ao ar livre da América Latina, o mercado Ver-o-Peso, e mergulhamos na culinária regional com direito a peixe fresquinho e muito açaí. Integramos uma das últimas reuniões do Comitê Metropolitano Xingu Vivo antes do Xingu+23, ficamos por dentro dos últimos detalhes da articulação e conhecemos nossos parceiros de luta. Na Praça Brasil encerramos o dia descobrindo o “milkshake” paraense, uma mistura genuinamente amazônica de guaraná, marapuama, catuaba, açaí e, é claro, castanha do pará. Uma boa dica pra refrescar o calor!
Enrolamos nossas redes novinhas aqui do Ver-o-Peso, guardamos nas mochilas e logo mais já é hora de colocá-las nas costas rumo a Altamira, onde os impactos da construção da usina já são palpáveis e escandalosos. É uma longa estrada de muito aprendizado que com certeza nos prepara pro desafio maior: barrar Belo Monte.
Nos vemos em Altamira!
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